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Portugal e a velhice

Portugal e a velhice

Estará Portugal preparado para o envelhecimento da população?

Cerca de 30 por cento dos portugueses serão idosos em 2050

O envelhecimento da população é um fenómeno crescente nos países industrializados. Tal deve-se ao estilo de vida da sociedade moderna, onde os casais optam por ter menos filhos e pela maternidade e paternidade tardias. Ao mesmo tempo, a evolução da medicina permite disponibilizar aos cidadãos tratamentos e recursos que lhes permitem viver muito mais tempo. Inverte-se assim a pirâmide etária que tem caracterizado a sociedade em geral. Estes fenómenos estão, pois, a provocar uma mudança no tipo de doenças que mais são tradadas no sistema de saúde.

Surgem assim novos desafios, aos quais o “Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas 2004 – 2010” tenta dar resposta. O objectivo geral deste plano é permitir aos cidadãos obter ganhos em anos de vida com independência, baseando-se esta meta em três pilares fundamentais:

- Promoção de um envelhecimento activo e saudável, ao longo de toda a vida;

- Maior adequação dos cuidados de saúde às necessidades específicas das pessoas idosas;

- Promoção e desenvolvimento intersectorial de ambientes capacitadores da autonomia e independência das pessoas idosas.

Diz o programa que «a promoção de um envelhecimento saudável diz respeito a múltiplos sectores, que envolvem nomeadamente a saúde, a educação, a segurança social e o trabalho, os aspectos económicos, a justiça, o planeamento e desenvolvimento rural e urbano, a habitação, os transportes, o turismo, as novas tecnologias, a cultura e os valores que cada sociedade defende e que cada cidadão tem como seus». Embora existam múltiplas iniciativas e medidas dirigidas às pessoas idosas em vários sectores e a vários níveis da sociedade, «não existe ainda uma estratégia nacional, regional e local, verdadeiramente cimentada, que promova o envolvimento das várias medidas numa perspectiva integrada, ao longo da vida, para um envelhecimento activo». Como o modelo actual de prestação de cuidados de saúde está mais organizado para responder aos episódios agudos de doença, «torna-se desadequado para responder às necessidades de saúde de uma população em envelhecimento».

Estes factos obrigam à rápida aplicação de um modelo conceptual integrado, consubstanciado na Rede de Cuidados Continuados de Saúde, «que se propõe promover a manutenção das pessoas idosas no seu meio habitual de vida e melhorar a equidade do acesso daquelas pessoas a cuidados de qualidade, flexíveis, transitórios ou de longa duração, assegurando a continuidade de cuidados, ou seja, a transição, sem hiatos e ao longo do tempo, das pessoas em situação de dependência entre os diferentes tipos de respostas e níveis de prestação de cuidados de saúde e de apoio social, com ganhos em anos de vida com independência», explica o documento.

Os idosos em Portugal

Em Portugal, existem mais de um milhão e setecentos mil idosos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística de 2001, respresentado esta camada 16,5 por cento da população residente no país. A esperança de vida está estimada em 80,3 anos para as mulheres e 73,5 anos para os homens.

No que se refere à percepção do estado de saúde da população idosa portuguesa, 49 por cento das pessoas que integram o grupo etário entre os 65 e os 74 anos e 54 por cento dos que têm 75 ou mais anos consideram a sua saúde como má ou muito má. Um outro estudo dá conta de que 12 por cento das pessoas com 65 ou mais anos declaram precisar de ajuda para a realização de actividades de vida diária e oito por cento declararam ter sofrido, no último ano, pelo menos um acidente doméstico ou de lazer. De notar também que 52 por cento das pessoas idosas inquiridas referiram viver na companhia de apenas uma pessoa e 12 por cento referiram viver em situação de isolamento.

Relativamente à procura de cuidados de saúde, refere o programa que se tem verificado um aumento da procura por pessoas de 65 e mais anos, nomeadamente acima dos 85 anos, onde esse aumento corresponde a 22 por cento, entre 1987 e 1999, o que justifica e obriga à progressiva adequação da prestação de cuidados de saúde à população mais idosa. Até porque, se em 2001 a taxa de idosos em Portugal rondava os 16 por cento, estima-se que esta atinja os 30 por cento em 2050, o que corresponderá a cerca de 2,7 milhões de pessoas com 65 ou mais anos. E, destes, mais de 800 mil terão mais de 80 anos.

O “Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas” está em execução e deverá ser submetido a uma avaliação global em 2009, sem prejuízo de avaliações intercalares.

Fonte: Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas

SSD

29 de Outubro de 2007

 

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