Estereótipos sobre idosos
Estereótipo
É uma imagem mental muito simplificada de alguma categoria de pessoas, instituições ou acontecimentos que é partilhada, nas suas características essenciais por um grande número de pessoas (Castro, 1999); dito de outra forma é um “chavão”, uma opinião feita, uma fórmula banal desprovida de qualquer originalidade, ou seja é uma “generalização” e simplificação de crenças acerca de um grupo de pessoas ou de objectos, podendo ser de natureza positiva ou negativa.
Um estudo realizado na Université de Montreal por Champagne e Frennet (cit.por DINIS, 1997), permitiu identificar catorze estereótipos como os mais frequentes relativos aos idosos e que passamos a descrever:
∗ Os idosos não são sociáveis e não gostam de se reunir;
∗ Divertem-se e gostam de rir;
∗ Temem o futuro;
∗ Gostam de jogar às cartas e outros jogos;
∗ Gostam de conversar e contar as suas recordações;
∗ Gostam do apoio dos filhos;
∗ São pessoas doentes que tomam muita medicação;
∗ Fazem raciocínios senis;
∗ Não se preocupam com a sua aparência;
∗ São muito religiosos e praticantes;
∗ São muito sensíveis e inseguros;
∗ Não se interessam pela sexualidade;
∗ São frágeis para fazer exercício físico;
∗ São na grande maioria pobres.
A análise destes resultados permite-nos observar que a maioria destes estereótipos estão ligados não a características específicas do envelhecimento, mas sim a traços da personalidade e a factores sócio-económicos. E, se por um lado, a formação de estereótipos simplifica a realidade, por outro, hiper-simplificam-na, levando muitas vezes a uma ignorância acerca das características, minimizando as diferenças individuais entre os membros de um determinado grupo. É disso, exemplo, o estereótipo de que “todos os idosos são solitários”. Este, não tem em consideração os idosos que têm uma vida social activa. Ainda com base neste estereótipo, os idosos activos socialmente, são considerados, muitas vezes, como tendo um comportamento social atípico, pelo que se enquadram numa excepção.
De facto, o mito é “uma construção do espírito que não se baseia na realidade” e por isso constitui uma representação simbólica. Pode ser também um conjunto de expressões feitas ou eufemismos, que mantemos relativamente aos idosos, por exemplo:
“ela tem um ar jovem para a idade”, “idade de ouro”, etc...
Numa análise mais profunda percebemos que os mitos escondem muitas vezes uma certa hostilidade e quando utilizados em excesso, impedem o estabelecimento de contactos verdadeiros com os idosos.
O que importa realçar neste estudo acerca dos “mitos” e dos “estereótipos” é o facto de estes estarem muitas vezes ligados ao desconhecimento do processo de envelhecimento, e poderem influenciar a forma como os indivíduos interagem com a pessoa idosa.
Por outro lado são causa de enorme perturbação nos idosos, uma vez que negam o seu processo de crescimento e os impedem de reconhecer as suas potencialidades, de procurar soluções precisas para os seus problemas e de encontrar
medidas adequadas.
O termo “terceira idade” por exemplo, é um rótulo sócio-económico que permite muitas vezes que o Homem entre nela pela porta da psicopatologia, que é a ciência que se ocupa da relação perturbada (Gyll, 1998).
Estas imagens mentais simplificadas e estereotipadas sobre os idosos são usadas e compartilhadas actualmente em todos os níveis e grupos sociais.